O venerável padre Francesco Convertini, salesiano missionário na Índia, emerge como um pastor segundo o Coração de Jesus, forjado pelo Espírito e totalmente fiel ao projeto divino sobre sua vida. Através dos testemunhos de quantos o encontraram, delineiam-se sua profunda humildade, a dedicação incondicional ao anúncio do Evangelho e o fervoroso amor por Deus e pelo próximo. Viveu com alegre simplicidade evangélica, enfrentando dificuldades e sacrifícios com coragem e generosidade, sempre atento a quem quer que encontrasse em seu caminho. O texto destaca sua extraordinária humanidade e riqueza espiritual, um presente precioso para a Igreja.
1. Agricultor na vinha do Senhor
Apresentar o perfil virtuoso do P. Francisco Convertini, missionário salesiano na Índia, homem que se deixou moldar pelo Espírito e soube realizar a sua fisionomia espiritual segundo o projeto de Deus para ele, é algo belo e sério ao mesmo tempo, porque recorda o verdadeiro sentido da vida, como resposta a um chamado, a uma promessa, a um projeto de graça.
Muito original é a síntese esboçada sobre ele por um sacerdote de seu país, o P. Quirico Vasta, que conheceu o P. Francisco em raras visitas à sua amada terra de Puglia. Esta testemunha nos oferece uma síntese do perfil virtuoso do grande missionário, introduzindo-nos de maneira autorizada e convincente a descobrir algo da estatura humana e religiosa desse homem de Deus. “O ‘modo’ de medir a estatura espiritual desse homem santo, do P. Francisco Convertini, não é o analítico de comparar a sua vida com os muitos ‘parâmetros de conduta’ religiosos (o P. Francisco, como salesiano, também aceitou os compromissos próprios de um religioso: pobreza, obediência, castidade, e permaneceu fiel a eles durante toda a sua vida). Ao contrário, o P. Francisco Convertini aparece, em síntese, como realmente foi desde o início: um jovem camponês que, depois – e talvez por causa dos horrores da guerra –, se abre à luz do Espírito e, deixando tudo para trás, põe-se a seguir o Senhor. Por um lado, ele sabe o que está deixando para trás; e ele o deixa não apenas com o vigor típico do camponês do sul, pobre, mas tenaz; mas também com alegria e com aquela força de espírito muito pessoal que a guerra revigorou: a de alguém que pretende seguir de cabeça erguida, embora silenciosamente e no fundo de sua alma, aquilo em que concentrou sua atenção. Por outro lado, novamente como um camponês, que captou em algo ou alguém as “certezas” do futuro e o fundamento de suas esperanças e sabe “em quem está confiando”, ele permite que a luz daquele que lhe falou o coloque em uma posição de clareza operacional. E imediatamente adota as estratégias para atingir a meta: oração e disponibilidade sem medida, custe o que custar. Não é por acaso que as virtudes-chave desse homem santo são: ação silenciosa e sem clamor (cf. São Paulo: “É quando sou fraco que sou forte”) e um senso muito respeitoso para com os outros (cf. Atos: “Há mais alegria em dar do que em receber”).
Visto dessa forma, o P. Francisco Convertini é verdadeiramente um homem: tímido, inclinado a esconder seus dons e méritos, avesso à ostentação, gentil com os outros e forte consigo mesmo, comedido, equilibrado, prudente e fiel; um homem de fé, esperança e em comunhão habitual com Deus; um religioso exemplar, em obediência, pobreza e castidade”.
2. Traços distintivos: “Um encanto emanava dele, que curava você”
Retratando as etapas de sua infância e juventude, sua preparação para o sacerdócio e a vida missionária, o amor especial de Deus por seu servo e sua correspondência com esse bom Pai são evidentes. Em particular, se destacam como características distintivas de sua fisionomia espiritual:
– Fé sem limites – confiança em Deus, encarnada no abandono filial à vontade divina.
Ele tinha grande confiança na infinita bondade e misericórdia de Deus e nos grandes méritos da paixão e morte de Jesus Cristo, em quem confiava tudo e de quem esperava tudo. Sobre a rocha firme dessa fé, ele empreendeu todos os seus trabalhos apostólicos. Frio ou calor, chuva tropical ou sol escaldante, dificuldade ou fadiga, nada o impedia de proceder sempre com confiança, quando se tratava da glória de Deus e da salvação das almas.
– Amor incondicional a Jesus Cristo Salvador, a quem oferecia tudo como sacrifício, a começar por sua própria vida, entregue à causa do Reino.
O P. Convertini se alegrava com a promessa do Salvador e se regozijava com a vinda de Jesus, como Salvador universal e único mediador entre Deus e os homens: “Jesus nos deu tudo de si mesmo ao morrer na cruz, e não seremos nós capazes de nos dar completamente a Ele?”
–A salvação integral do próximo, procurada com uma evangelização apaixonada.
Os abundantes frutos de seu trabalho missionário se deveram à sua oração incessante e aos sacrifícios sem reservas feitos pelo próximo. São homens e missionários com essas características que deixam uma marca indelével na história das missões, do carisma salesiano e do ministério sacerdotal.
Mesmo em contato com hindus e muçulmanos, se por um lado ele era impelido por um desejo genuíno de proclamar o Evangelho, que muitas vezes levava à fé cristã, por outro lado sentia-se compelido a enfatizar aquelas verdades básicas facilmente percebidas até mesmo pelos não cristãos, como a infinita bondade de Deus, o amor ao próximo como caminho para a salvação e a oração como meio de obter graças.
–A união incessante com Deus por meio da oração, dos sacramentos, a entrega a Maria, Mãe de Deus e nossa, o amor pela Igreja e pelo Papa, a devoção aos santos.
Ele se sentia filho da Igreja e a servia com o coração de um autêntico discípulo de Jesus e missionário do Evangelho, confiado ao Imaculado Coração de Maria e na companhia dos santos, considerados como intercessores e amigos.
–Ascese evangélica simples e humilde no seguimento da cruz, encarnada em uma vida extraordinariamente comum.
Transparecia em toda a sua pessoa a profunda humildade, a pobreza evangélica (levava consigo o indispensável) e o semblante angelical. Penitência voluntária, autocontrole: pouco ou nenhum descanso, refeições irregulares. Ele se privava de tudo para doar aos pobres, até mesmo suas roupas, sapatos, cama e comida. Ele sempre dormia no chão. Jejuava por muito tempo. Com o passar dos anos, ele contraiu várias doenças que prejudicaram sua saúde: sofria de asma, bronquite, enfisema, problemas cardíacos… muitas vezes o atacavam de tal forma que ele tinha que ficar de cama. Causava admiração o fato de conseguir suportar tudo isso sem reclamar. Era exatamente isto que atraía a veneração dos hindus, para os quais ele era o “sanyasi”, aquele que sabia como renunciar a tudo por amor a Deus e por eles.
Sua vida aparece como uma ascensão linear rumo às alturas da santidade no cumprimento fiel da vontade de Deus e na doação de si mesmo a seus irmãos, por meio do ministério sacerdotal vivido com fidelidade. Leigos, religiosos e eclesiásticos falam de sua extraordinária maneira de viver a vida cotidiana.
3. Missionário do Evangelho da alegria: “Eu lhes anunciei Jesus. Jesus, o Salvador. Jesus misericordioso»
Não houve um dia sequer em que ele não fosse a alguma família para falar de Jesus e do Evangelho. O P. Francisco tinha tanto entusiasmo e zelo que até esperava por coisas que pareciam humanamente impossíveis. O P. Francisco ficou famoso como pacificador entre famílias ou entre vilarejos em discórdia. “Não é por meio de discussões que chegamos ao entendimento. Deus e Jesus estão além de nossas discussões. Devemos, acima de tudo, orar e Deus nos dará o dom da fé. Por meio da fé, encontraremos o Senhor. Por acaso não está escrito na Bíblia que Deus é amor? É pelo caminho do amor que se chega a Deus”.
Era um homem interiormente pacificado e levava paz. Queria que entre as pessoas, nos lares ou nos vilarejos, não houvesse brigas, discussões ou divisões. “Em nossa aldeia, éramos católicos, protestantes, hindus e muçulmanos. Para que a paz reinasse entre nós, de tempos em tempos o padre nos reunia e nos dizia como poderíamos e deveríamos viver em paz entre nós. Em seguida, ele ouvia aqueles que queriam dizer algo e, no final, depois de orar, ele dava a bênção: uma maneira maravilhosa de manter a paz entre nós”. Ele tinha uma paz de espírito verdadeiramente surpreendente; era a força que vinha da certeza de que ele tinha de estar fazendo a vontade de Deus, buscada com esforço, mas depois abraçada com amor quando encontrada.
Era um homem que vivia com simplicidade evangélica, a transparência de uma criança, a disponibilidade para qualquer sacrifício, sabendo entrar em sintonia com cada pessoa que encontrava em seu caminho, viajando a cavalo, de bicicleta ou, mais frequentemente, caminhando dias inteiros com sua mochila nos ombros. Ele pertencia a todos, sem distinção de religião, casta ou status social. Era amado por todos, porque levava a todos “a água de Jesus que salva”.
4. Um homem de fé contagiante: lábios em oração, rosário nas mãos, olhos voltados para o céu
«Sabemos por ele que nunca se descuidou da oração, tanto quando estava com os outros como quando estava sozinho, mesmo como soldado. Isso o ajudou a fazer tudo por Deus, especialmente quando fez a primeira evangelização entre nós. Para ele, não havia horário fixo: manhã ou noite, sol ou chuva; calor ou frio não eram impedimentos quando se tratava de falar sobre Jesus ou fazer o bem. Quando ia às aldeias, caminhava até mesmo à noite e sem comer para chegar a alguma casa ou aldeia e pregar o Evangelho. Mesmo quando foi colocado como confessor em Krishnagar, ele vinha até nós para atender confissões durante o calor sufocante depois do almoço. Certa vez, eu lhe perguntei: “Por que ele vem a essa hora?” E ele: “Na paixão, Jesus não escolheu a hora conveniente quando estava sendo conduzido a Anás, Caifás ou Pilatos. Ele teve que fazer isso mesmo contra sua própria vontade, para fazer a vontade do Pai”.
Evangelizava não por proselitismo, mas por atração. Era o seu comportamento que atraía as pessoas. Sua dedicação e seu amor faziam com que as pessoas dissessem que o P. Francisco era a verdadeira imagem do Jesus que ele pregava. O amor de Deus o levava a buscar uma união íntima com Ele, a se recolher em oração, a evitar qualquer coisa que pudesse desagradar a Deus. Ele sabia que só se conhece a Deus por meio da caridade. Ele costumava dizer: “Ame a Deus, não lhe desagrade”».
«Se havia um sacramento no qual o P. Francisco se destacava heroicamente, foi a administração do Sacramento da Reconciliação. Para qualquer pessoa em nossa diocese de Krishnagar, dizer P. Francisco é dizer o homem de Deus que mostrava a paternidade do Pai no perdão, especialmente no confessionário. Passou os últimos 40 anos de sua vida mais no confessionário do que em qualquer outro ministério: horas e horas, especialmente na preparação para festas e solenidades. Assim, toda a noite de Natal e Páscoa ou festas de padroeiros. Ele estava sempre presente pontualmente no confessionário todos os dias, mas especialmente aos domingos antes das missas ou na véspera de festas e no sábado. Depois, ele ia para outros lugares onde era confessor regular. Essa era uma tarefa muito querida para ele e muito esperada por todos os religiosos da diocese, aos quais ele ia semanalmente. Seu confessionário era sempre o mais lotado e o mais desejado. Os padres, os religiosos, as pessoas comuns: parecia que o P. Francisco conhecia todos pessoalmente, tão pertinente era em seus conselhos e admoestações. Eu mesmo me maravilhava com a sabedoria de suas admoestações quando me confessava com ele. De fato, o servo de Deus foi meu confessor durante toda a sua vida, desde o tempo em que era missionário nas aldeias até o fim de seus dias. Eu costumava dizer a mim mesmo: “Isso é exatamente o que eu queria ouvir dele…” O Bispo Dom Morrow, que se confessava com ele regularmente, considerava-o seu guia espiritual, dizendo que o P. Francisco era guiado pelo Espírito Santo em seus conselhos e que sua santidade pessoal compensava sua falta de dons naturais.»
A confiança na misericórdia de Deus era um tema quase recorrente em suas conversas, e ele o usava muito bem como confessor. Seu ministério de confessionário era um ministério de esperança para si mesmo e para aqueles que se confessavam com ele. Suas palavras inspiravam esperança em todos que o procuravam. “No confessionário, o servo de Deus era o sacerdote modelo, famoso na administração desse sacramento. O servo de Deus estava sempre ensinando, procurando levar todos à salvação eterna… O servo de Deus gostava de dirigir suas orações ao Pai que está nos céus, e assim também ensinava as pessoas a verem a Deus como Pai bondoso. Especialmente para os que estavam em dificuldades, inclusive espirituais; e para os pecadores arrependidos, ele lhes lembrava de que Deus é misericordioso e que é preciso sempre confiar nele. O servo de Deus aumentou suas orações e mortificações para descontar suas infidelidades, como ele dizia, e pelos pecados do mundo”.
Eloquentes foram as palavras do P. Rosário Stroscio, superior religioso, que concluiu o anúncio da morte do P. Francisco da seguinte forma: «Aqueles que conheceram o P. Francisco sempre se lembrarão com amor das pequenas advertências e exortações que ele costumava fazer na confissão. Com sua vozinha tão fraca, mas tão cheia de ardor: “Amemos as almas, trabalhemos somente pelas almas… Aproximemo-nos das pessoas… Vamos lidar com elas de tal forma que as pessoas entendam que as amamos…” Toda a sua vida foi um magnífico testemunho da técnica mais frutuosa do ministério sacerdotal e do trabalho missionário. Podemos resumi-la na simples expressão: “Para ganhar almas para Cristo, não há meio mais poderoso do que a bondade e o amor!”».
5. Amava a Deus e amava o próximo por amor a Deus: Coloque amor! Coloque o amor!
Para “Ciccilluzzo”, nome familiar, que ajudava nos campos, cuidando dos perus e fazendo outros trabalhos adequados à sua pouca idade, sua mãe Catarina costumava repetir: “Coloque amor! Coloque amor!”.
“O P. Francisco entregou tudo a Deus, porque estava convencido de que, tendo consagrado tudo a Ele como sacerdote religioso e missionário, Deus tinha plenos direitos sobre ele. Quando lhe perguntávamos por que ele não voltava para casa (na Itália), ele respondia que agora tinha se entregado inteiramente a Deus e a nós”. O fato de ser padre era tudo para os outros: “Sou padre para o bem do meu próximo. Esse é o meu primeiro dever”. Ele se sentia em dívida com Deus em tudo; de fato, tudo pertencia a Deus e ao próximo, enquanto ele havia se doado totalmente, não reservando nada para si: o P. Francisco agradecia continuamente ao Senhor por tê-lo escolhido para ser sacerdote missionário. Ele demonstrava esse senso de gratidão para com qualquer pessoa que tivesse feito algo por ele, mesmo os mais pobres.
Deu exemplos extraordinários de fortaleza ao se adaptar às condições de vida do trabalho missionário que lhe foi confiado: uma língua nova e difícil, que procurou aprender muito bem, porque era a maneira de se comunicar com seu povo; um clima muito duro, o de Bengala, túmulo de tantos missionários, que aprendeu a suportar por amor a Deus e às almas; viagens apostólicas a pé por áreas desconhecidas, com o risco de encontrar animais selvagens.
Ele foi missionário e evangelizador incansável numa área muito difícil como Krishnagar – que ele queria transformar em Crist-nagar, a cidade de Cristo – onde as conversões eram difíceis, sem mencionar a oposição dos protestantes e de membros de outras religiões. Para a administração dos sacramentos, ele enfrentou todos os perigos possíveis: chuva, fome, doenças, animais selvagens, pessoas mal-intencionadas. “Ouvi muitas vezes o episódio do P. Francisco, que certa noite, enquanto levava o Santíssimo Sacramento a um doente, deparou-se com um tigre agachado no caminho por onde ele e seus companheiros tinham de passar… Enquanto os companheiros tentavam fugir, o servo de Deus ordenou ao tigre: “Deixe seu Senhor passar!”; e o tigre se afastou. Mas já ouvi outros exemplos semelhantes sobre o servo de Deus, que muitas vezes viajava a pé à noite. Certa vez, um bando de bandidos o atacou, acreditando conseguir algo dele. Mas quando o viram privado de tudo, exceto do que estava carregando, eles se desculparam e o acompanharam até a próxima aldeia”.
Sua vida como missionário foi uma viagem constante: de bicicleta, a cavalo e, na maioria das vezes, a pé. Esse caminhar a pé talvez seja a atitude que melhor retrata o missionário incansável e o sinal do autêntico evangelizador: “Que beleza, pelas montanhas, os passos de quem traz boas-novas, daquele que traz a notícia da paz, que vem anunciar a felicidade, noticiar a salvação.” (Is 52,7).
6. Olhos límpidos e voltados para o céu
“Observando o rosto sorridente do servo de Deus e olhando para seus olhos claros e voltados para o céu, pensamos que ele não era daqui, mas do céu. Ao vê-lo, desde a primeira vez, muitos relataram uma impressão inesquecível dele: seus olhos brilhantes que mostravam um rosto cheio de simplicidade e inocência e sua longa e venerável barba lembravam a imagem de uma pessoa cheia de bondade e compaixão. Uma testemunha declarou: “O P. Francisco era um santo. Não sei como fazer um julgamento, mas acho que não é possível encontrar pessoas assim. Éramos pequenos, mas ele conversava conosco, nunca desprezou ninguém. Ele não fazia distinção entre muçulmanos e cristãos. Meu padre se dirigia a todos da mesma forma e, quando estávamos juntos, ele nos tratava da mesma maneira. Ele nos dava conselhos de criança: “Obedeçam a seus pais, façam bem a lição de casa, amem-se como irmãos”. Depois nos dava pequenos doces: em seus bolsos sempre havia algo para nós”.
O P. Francisco manifestava seu amor a Deus principalmente por meio da oração, que parecia ser ininterrupta. Ele sempre podia ser visto movendo os lábios em oração. Mesmo quando falava com as pessoas, ele sempre mantinha os olhos erguidos como se estivesse vendo a pessoa com quem estava falando. O que mais impressionava as pessoas era a capacidade do P. Convertini de estar totalmente concentrado em Deus e, ao mesmo tempo, na pessoa à sua frente, olhando com olhos sinceros para o irmão que encontrava em seu caminho: “Ele tinha, sem dúvida, os olhos fixos na face de Deus. Esse era um traço indelével de sua alma, uma concentração espiritual de nível impressionante. Ele o seguia atentamente e respondia com grande precisão quando você falava com ele. No entanto, você sentia que ele estava “em outro lugar”, em outra dimensão, em diálogo com o Outro”.
Para a conquista da santidade, ele incentivava os outros, como no caso de seu primo Lino Palmisano, que estava se preparando para o sacerdócio: “Fico muito feliz em saber que você já está no tirocínio; isso também passará logo, se você souber aproveitar as graças do Senhor que Ele lhe dará todos os dias, para se transformar em um santo cristão de bom senso. Os estudos mais prazerosos de teologia o aguardam, os quais alimentarão sua alma com o Espírito de Deus, que o chamou para ajudar Jesus em Seu apostolado. Não pense nos outros, mas apenas em você, em como se tornar um sacerdote santo como Dom Bosco. Dom Bosco também disse em sua época: “Os tempos são difíceis, mas nós vamos puf, puf, vamos em frente mesmo contra a correnteza”. Era a mãe celestial lhe dizendo: infirma mundi elegit Deus[Deus escolheu o que para o mundo é fraqueza – cf. 1Cor 1,27].Não se preocupe, eu o ajudarei. Caro irmão, o coração, a alma de um sacerdote santo aos olhos do Senhor vale mais do que todos os membros; o dia de seu sacrifício junto com o de Jesus no altar está próximo, prepare-se. Você nunca se arrependerá de ter sido generoso com Jesus e com seus superiores. Confie neles, eles o ajudarão a superar as pequenas dificuldades do dia que sua bela alma poderá encontrar. Eu me lembrarei de você na Santa Missa todos os dias, para que você também possa um dia se oferecer totalmente ao Bom Deus”.
Conclusão
Assim como no início, também no final deste breve excurso sobre o perfil virtuoso do P. Convertini, aqui está um testemunho que resume o que foi apresentado.
“Uma das figuras pioneiras que me impressionou profundamente foi a do Venerável P. Francisco Convertini, zeloso apóstolo do amor cristão, que conseguiu levar o evangelho da Redenção nas igrejas, nas áreas paroquiais, nas vielas e nos barracos dos refugiados e a qualquer pessoa que encontrasse, consolando, aconselhando, ajudando com sua primorosa caridade: uma verdadeira testemunha das obras de misericórdia corporais e espirituais, pelas quais seremos julgados: sempre pronto e zeloso no ministério do sacramento do perdão. Cristãos de todas as denominações, muçulmanos e hindus, aceitaram com alegria e prontidão aquele que chamavam de homem de Deus. Ele sabia como levar a cada um a verdadeira mensagem de amor, que Jesus pregou e trouxe a esta terra: com o contato evangélico direto e pessoal, para jovens e idosos, meninos e meninas, pobres e ricos, autoridades e párias, ou seja, o último e mais desprezado degrau do lixo (sub)humano. Para mim e para muitos outros, foi uma experiência abrasadora que me ajudou a entender e viver a mensagem de Jesus: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei»”.
A última palavra vai para o P. Francisco, como um legado que ele deixa para cada um de nós. Em 24 de setembro de 1973, escrevendo de Krishnagar a seus parentes, o missionário quer envolvê-los no trabalho pelos não cristãos que ele vem realizando com dificuldade desde sua última doença, mas sempre com zelo: “Depois de seis meses no hospital, minha saúde está um tanto debilitada, sinto-me como uma panela quebrada e consertada. No entanto, o misericordioso Jesus me ajuda milagrosamente em Seu trabalho pelas almas. Deixo que me levem até a cidade e depois volto a pé, após fazer conhecer Jesus e nossa santa religião. Depois de terminar minhas confissões em casa, vou para o meio dos pagãos, que são muito melhores do que alguns cristãos. Afetuosamente seu no Coração de Jesus, Padre Francisco”.
Venerável Francisco Convertini, pastor segundo o Coração de Jesus
🕙: 13 min.