No dia 24 de setembro, o Reitor-Mor presidiu a entrega da cruz missionária aos membros da 154ª expedição missionária da Congregação Salesiana. Esse foi o 154º grupo desde que Dom Bosco presidiu o primeiro envio missionário em Valdocco, no dia 11 de novembro de 1875.
O envio missionário na Basílica de Maria Auxiliadora em Valdocco é um gesto com que a Congregação Salesiana renova, diante de Maria Auxiliadora, o seu compromisso missionário. A peça central dessa comovente celebração é o missionário que recebe a Cruz Missionária do Reitor-Mor, o sucessor de Dom Bosco. A Cruz Missionária Salesiana é entregue, de fato, pelo Reitor-Mor somente àqueles que oferecem o dom radical e completo de si que, por sua própria natureza, implica uma disponibilidade total e sem limite de tempo (ad vitam).
Receber a Cruz Missionária desperta muitas emoções e envolve desafios espirituais. Todos eles são expressos nos desenhos da própria Cruz que os missionários recebem. A vida do missionário está centrada na pessoa de Cristo e em Cristo crucificado. Isso implica que o missionário primeiro recebe e depois transmite o grande ensinamento da Cruz: o amor infinito do Pai que dá o melhor de si, o seu Filho; o amor até o fim que é obediente e generoso ao se entregar à vontade do Pai para a salvação da humanidade. Para cada missionário salesiano “Nossa ciência mais eminente é […] conhecer Jesus Cristo; e a alegria mais profunda, revelar a todos as insondáveis riquezas do seu mistério” (Constituições SDB, art. 34).
O Bom Pastor na Cruz Missionária Salesiana revela a cristologia salesiana: a caridade pastoral é o núcleo do espírito salesiano, “o estilo que conquista com a mansidão e o dom de si” (Constituições SDB art. 10-11).
Da Mihi Animas cetera Tolle (dai-me almas, tirai o resto): este é o lema que caracteriza os Filhos de Dom Bosco desde o início. Em contexto missionário, essa breve oração salesiana assume um significado especial: deixar tudo, até mesmo a própria terra, a própria cultura e as coisas que dão segurança, para se dedicar sem limites àqueles a quem se é enviado, para ser para eles um instrumento de salvação.
O Espírito Santo que desce sobre o Bom Pastor, como no rio Jordão, desce agora sobre Cristo presente no dinamismo pastoral da Igreja. Sem o Espírito Santo, e sem a luz, o discernimento, o poder e a santidade que descem do Espírito, toda atividade missionária não passaria de uma série de atividades, às vezes vazias, realizadas em lugares distantes.
Enfim, o texto escrito na parte de trás da cruz: “Euntes ergo docete omnes nationes baptizantes eos in nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti” (Mt 28,19) (Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo) representa o coração do mandato missionário dado pelo Senhor ressuscitado. O texto dá o mandato de ensinar todos os homens a se tornarem seguidores e discípulos de Jesus (o texto grego enfatiza mathêteúsate, “fazer discípulos”, que é mais do que docete, “ensinar”). A evangelização, a plenitude da graça, passa por palavras e ações, sendo que a maior de todas as graças sacramentais é o batismo, que mergulha a pessoa no mistério da comunhão com Deus.
Em 1875, Dom Bosco enviou 10 salesianos italianos para a Argentina. Hoje, os missionários são enviados para os cinco continentes. Cada salesiano, cada Inspetoria é corresponsável pela atividade missionária de toda a Congregação. Graças aos missionários salesianos, o carisma de Dom Bosco está hoje presente em 134 países. As reflexões de alguns membros das 154 expedições missionárias revelam o quanto os missionários salesianos tocaram a vida das pessoas, gerando novas vocações missionárias salesianas.
O clérigo Jorge DA LUÍSA JOÃO, salesiano de Bengo, Angola, tem 31 anos. “A semente da minha vocação missionária surgiu quando assistíamos a vídeos missionários na comunidade salesiana de Benguela, onde me tornei aspirante externo. Depois, durante o pré-noviciado, o noviciado e o pós-noviciado, ela se desenvolveu com o acompanhamento do meu guia espiritual. Agora que o Reitor-Mor aceitou o meu pedido de missão e está me enviando para Cabo Verde, onde meu sonho é dar toda a minha vida na terra de missão aonde serei enviado e ser enterrado lá, assim como os missionários que deram tudo por Angola e cujos corpos repousam em solo angolano”.
O clérigoSoosai ARPUTHARAJ é de Michaelpalayam, Tamilnadu, Índia. “Minha vocação missionária nasceu quando eu estava no início de minha formação inicial, mas eu tinha medo de contar a alguém sobre o meu desejo missionário. Mas durante o encontro dos jovens salesianos em nossa Inspetoria, eles nos contaram sobre a experiência missionária. Isso me fez perguntar: “Por que não posso me tornar um missionário ad gentes na congregação salesiana?”. Sou grato ao Vigário do meu Inspetor que me guiou para finalmente tomar a decisão de me oferecer ao Reitor-Mor para ir aonde ele me enviar. Assim, aceitei de bom-grado a proposta do Conselheiro-Geral para as Missões de me enviar para a Romênia. Sei que esse é o chamado de Deus para dar a minha vida aos jovens da Romênia”.
O Clérigo Joshua TARERE, 30 anos, originário de Vunadidir, Nova Bretanha Oriental, Papua Nova Guiné. Ele é o primeiro missionário salesiano da Oceania. “Quando eu era criança, só conhecia o padre diocesano da minha paróquia. Como estudante secundário, não frequentei uma escola salesiana. Mas graças aos salesianos de Dom Bosco Rapolo, que vinham à minha paróquia para a missa dominical, fui inspirado por seu trabalho missionário. Eles costumavam ir ao meu vilarejo para servir aos jovens. Essa experiência de serviço e disponibilidade para os outros me ajudou a me identificar com sua vocação missionária.
Durante o noviciado, meu mestre de noviços, P. Philip Lazatin, incentivou-me a discernir e esclarecer meu interesse missionário. No pós-noviciado, continuei meu discernimento com meu Reitor, P. Ramon Garcia, e meu guia espiritual, para descobrir se meu desejo de ser missionário salesiano era realmente um chamado de Deus. Depois de um longo período de discernimento, finalmente decidi fazer o pedido ao Reitor-Mor e me colocar à disposição, para onde quer que ele me enviasse. Fiz isso livremente, sem pressão de ninguém. Dizem que sou o primeiro salesiano da Oceania a ser missionário. Mas para mim isso não é importante. O que importa é minha disposição de responder generosamente ao chamado pessoal de Deus.
Como missionário no Sudão do Sul, experimento um sentimento misto de medo e coragem. A mídia apresenta todas as imagens negativas da violência e das pessoas deslocadas no Sudão do Sul. Mas também me sinto inspirado a ser corajoso porque sei que o Senhor que me enviou para sua missão certamente cuidará de mim. Meus medos não superaram meu grande desejo de servir, amar e me inserir na nova cultura e o povo para o qual fui enviado”.
O Clérigo Francois MINO NOMENJANAHARY, de Antananarivo, capital de Madagascar, tem 25 anos. Designado para a Visitadoria de Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão, ele nos oferece seu testemunho hoje. “Devo admitir que nunca tinha ouvido falar de Papua Nova Guiné até que o Padre Alfred Maravilla propôs que eu fosse para lá. Aceitei de bom grado ser enviado porque ofereci minha disposição de atender ao chamado de Deus para ser missionário. Também tive de explicar aos meus pais e à minha família qual era o meu destino missionário. Graças a Deus, eles aceitaram. É claro que, como todo mundo, tenho meus temores. Estou feliz por ter conhecido missionários de Papua Nova Guiné neste curso. Fico feliz em saber que o primeiro padre católico de Papua Nova Guiné, Luís Vangeke, se formou no seminário em Madagascar. Isso também me faz sentir conectado à minha terra de missão”.
O P.Michał CEBULSKI, de Katowice, Polônia, tem 29 anos. Ele foi ordenado há poucos meses, em junho. “Como jovem salesiano, ele passou um ano de tirocínio prático na Irlanda. Desde criança, ouvi histórias de missionários que desenvolveram em mim o desejo de ser como eles. Estou feliz por ter sido enviado à Lituânia, o país que faz fronteira com a Polônia. Embora meu país faça fronteira com a Lituânia e tenhamos semelhanças na comida e na cultura, o idioma lituano não será fácil para mim. Meu novo provincial me disse que terei de estudar italiano por alguns meses. Mas quando estiver na Lituânia, minha prioridade será me aproximar das pessoas e entender sua cultura. Espero que o povo lituano possa descobrir o amor de Deus por meio de meu serviço. Quero ajudar os jovens a viver com verdadeira alegria, que, como Dom Bosco nos disse, vem de um coração puro”.
O Sr. Kerwin P. VALEROSO, um salesiano coadjutor de 35 anos de Pura, Tarlac, Filipinas, está prestes a partir para a nova Circunscrição do Norte da África (CNA). “Uma vez vi fotos das três primeiras expedições missionárias dos salesianos. Pensando nos lugares que eles alcançaram, nas obras que construíram, nos corações que tocaram e nas almas que salvaram, senti que essa era a minha vocação. Sou grato aos meus instrutores, mentores e amigos que compartilharam a jornada comigo para purificar e fortalecer minha vocação missionária.
Sou grato à minha família, irmãos e amigos que me fizeram sentir seu apoio, suas orações e seus votos de felicidades quando me propus a responder à minha vocação missionária. Não escondo o fato de que sinto um misto de alegria e medo ao ir para o norte da África, cujo idioma, cultura e povo ainda não conheço. Nem mesmo conheço o Islã. Entretanto, minha principal tarefa é aprender bem o idioma francês este ano. Devo dizer que nossos irmãos em Paris, na França, fizeram com que eu me sentisse muito bem-vindo. Também sou grato à minha Província de origem (FIN) que, apesar da grande quantidade de trabalho no apostolado, me encorajou generosamente a me oferecer para as obras missionárias de nossa Congregação”.
O Clérigo Dominic NGUYEN QUOC OAT, 30 anos, é de Dong Nai, Vietnã. “Eu me interessei pela missão desde que estava na escola secundária. Até compartilhei com meus colegas de classe o meu sonho de me tornar missionário. Como jovem salesiano, fiz discernimento porque acredito que Deus está me convidando para ser missionário para Ele e Seu povo; então pedi para me comprometer com a missão por toda a vida, onde quer que o Reitor-Mor me envie.
Deus me ofereceu a oportunidade de ser um missionário na Grã-Bretanha. Estou feliz por aceitar meu destino missionário, embora tenha algumas preocupações por ser um asiático sendo enviado para a Europa. Preciso aprender melhor o idioma e a cultura do país de minha missão. Mas acredito que Deus, que me chamou para ser missionário salesiano, continuará a me abençoar com sua graça para cumprir a missão que me confiou”.
O Padre André DELIMARTA é um dos dois primeiros salesianos indonésios. Aos 55 anos, ele foi Mestre de Noviços, Reitor e Pároco em sua Visitadoria (INA). Ele é membro da 153ª expedição missionária do ano passado à Malásia, mas só receberá a cruz missionária em 24 de setembro. “Eu cresci com os salesianos. O amor, o trabalho árduo, o compromisso e o espírito de sacrifício de missionários salesianos como o padre Alfonso Nacher, o padre José Carbonell, o diácono Baltasar Pires e o padre José Kusy tiveram um grande impacto sobre mim. Foram eles que me ensinaram sobre Dom Bosco, me apresentaram à Congregação e fizeram me apaixonar por seu zelo missionário.
Quando eu estava na formação inicial, queria ser missionário, mas meus formadores me proibiram porque diziam que Dom Bosco deveria estar enraizado na Indonésia. De fato, como primeiro salesiano indonésio, eu havia insistido para que o carisma de Dom Bosco fosse enraizado na Indonésia como nossa prioridade. Mas quando o insistente apelo por missionários foi transmitido à nossa Visitadoria, minha vocação missionária foi reacendida. Meu amor por Dom Bosco e pela Congregação fez com que eu decidisse me oferecer como missionário. Se a Congregação precisa de missionários, então eu quero dizer: «Aqui estou! Eu vou!»”.
Aqui estão todos os 24 membros da 154ª Expedição Missionária Salesiana:

– Shivraj BHURIYA, da Índia (Inspetoria de Mumbai – INB) para a Eslovênia (SLO);
– Thomas NGUYEN QUANG QUI, do Vietnã (VIE) para a Grã-Bretanha (GBR);
– Dominic NGUYEN QUOC OAT, do Vietnã (VIE) para a Grã-Bretanha (GBR);
– Jean Bernard Junior Gerald GUIELLE FOUETRO, da República do Congo (Inspetoria África Congo-Congo – ACC) para a Alemanha (GER);
– Blaise MULUMBA NTAMBWE, da Rep. Dem. do Congo (Inspetoria da África Central – AFC) para a Alemanha (GER);
– P. Michael CEBULSKI, da Polônia (Inspetoria de Cracóvia – PLS) para a Lituânia (Circunscrição Especial Piemonte-Vale de Aosta – ICP)
– Kerwin VALEROSO, das Filipinas (Inspetoria das Filipinas Norte – FIN) para a Circunscrição da África Norte (CNA);
– Joseph ONG DUC THUAN, do Vietnã (VIE) para a Circunscrição da África Norte (CNA);
– P. Domenico PATERNÒ, da Itália (Inspetoria Sícula – ISI) para a Circunscrição da África Norte (CNA);
– David Broon, da Índia (Inspetoria de Tiruchy – INT) para a Albânia (Inspetoria da Itália Sul – IME);
– Elisée TUUNGANE NZIBI, da Rep. Dem. do Congo (Inspetoria da África Central – AFC) à Albânia (Inspetoria da Itália Sul – IME);
– P. George KUJUR, da Índia (Inspetoria de Dimapur – IND) ao Nepal (Inspetoria da Índia-Calcutá – INC);
– Soosai ARPUTHARAJ, da Índia (Inspetoria de Chennai – INM) para a Romênia (Inspetoria da Itália Nordeste – INE);
– John the Baptist NGUYEN VIET DUC, do Vietnã (VIE) para a Romênia (Inspetoria da Itália Nordeste – INE);
– Mario Alberto JIMÉNEZ FLORES, do México (Inspetoria de Guadalajara – MEG) para a Delegação do Sudão do Sul (DSS);
– Sarathkumar RAJA, da Índia (Inspetoria de Chennai – INM) para o Sri Lanka (LKC);
– Lyonnel Richie Éric BOUANGA (da República do Congo (Inspetoria África Congo-Congo – ACC) para a Visitadoria de Papua-Nova Guiné–Ilhas Salomão (PGS);
– Joshua TARERÉ, de Papua-Nova Guiné (PGS) para a Delegação do Sudão do Sul (DSS);
– Nomenjanahary François MINO, de Madagascar (MDG) para a Visitadoria Papua-Nova Guiné–Ilhas Salomão (PGS);
– Jean KASONGO MWAPE, da Rep. Dem. do Congo (Inspetoria da África Central – AFC) para o Brasil (Inspetoria Brasil-Porto Alegre – BPA);
– Khyliait WANTEILANG, da Índia (Inspetoria de Shillong – INS) para o Brasil (Inspetoria Brasil-Porto Alegre – BPA);
– P. Joseph PHAM VAN THONG, do Vietnã (VIE) para a África do Sul (Inspetoria África Meridional – AFM);
– P. Miguel Rafael Coelho GIME, de Angola (ANG) para Moçambique (MOZ);
– Klimer Xavier SANCHEZ, do Equador (ECU) para Moçambique (MOZ).