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(continuação do artigo anterior)

Capítulo XX. Morte de São José. – Sua sepultura.
Nunc dimittis servum tuum Domine, secundum verbum tuum in pace, quia viderunt oculi mei salutare tuum. (Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixa teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação. – Lc 2,29)

            Quando chegou o último momento, José fez um esforço supremo para se levantar e adorar aquele que os homens consideravam seu filho, mas que José sabia ser seu Senhor e Deus. Ele queria se lançar a seus pés e pedir a remissão de seus pecados. Mas Jesus não permitiu que ele se ajoelhasse e o recebeu em seus braços. Assim, apoiando sua venerável cabeça no peito divino de Jesus, com os lábios perto daquele adorável coração, José expirou, dando aos homens um exemplo final de fé e humildade. Era o décimo nono dia de março, do ano de Roma 777, o vigésimo quinto desde o nascimento do Salvador.
            Jesus e Maria choraram sobre o corpo frio de José e mantiveram a vigília de luto dos mortos ao seu lado. O próprio Jesus lavou esse corpo virginal, fechou os olhos e cruzou as mãos sobre o peito; depois o abençoou para preservá-lo da corrupção da sepultura e colocou os anjos do Paraíso para guardá-lo.
            Os funerais do pobre trabalhador foram tão modestos quanto havia sido toda a sua vida. Mas, se assim pareciam à face da terra, eram de tão grande honra que certamente não poderiam se vangloriar os mais gloriosos imperadores do mundo, já que o Rei e a Rainha do Céu, Jesus e Maria, estavam presentes junto ao augusto corpo. O corpo de José foi colocado para descansar no sepulcro de seus pais, no vale de Josafá, entre o monte Sião e o monte das Oliveiras.


Capítulo XXI. Poder de São José no céu. Razões para nossa confiança.
Ite ad Joseph. (Dirigi-vos a José [e fazei o que ele vos disser]. – Gn 41,55)

            Nem sempre a glória e o poder dos justos sobre a terra são a medida certa do mérito de sua santidade; mas não é o caso da glória e do poder com que são revestidos no céu, onde cada um é recompensado de acordo com suas obras. Quanto mais santos eles forem aos olhos de Deus, mais serão elevados a um grau sublime de poder e autoridade.
Uma vez estabelecido esse princípio, não devemos acreditar que, entre os bem-aventurados que são objeto de nosso culto religioso, São José seja, depois de Maria, o mais poderoso de todos junto a Deus, e aquele que mais justamente merece nossa confiança e nossas homenagens? De fato, quantos privilégios gloriosos o distinguem de outros santos e devem inspirar em nós uma profunda e terna veneração por ele!
            O filho de Deus, que escolheu José como seu pai, para recompensar todos os seus serviços e dar-lhe em troca as demonstrações do mais terno amor durante sua vida mortal, não o ama menos no céu do que o amou sobre a terra. Feliz por ter toda a eternidade para compensar seu amado pai por tudo o que fez por ele na vida presente, com tão ardente zelo, tão inviolável fidelidade e tão profunda humildade. Isso faz com que o divino Salvador esteja sempre disposto a ouvir favoravelmente todas as suas orações e a satisfazer todos os seus desejos.
            Encontramos nos privilégios e favores com os quais foi cumulado o antigo José, que era apenas uma sombra de nosso verdadeiro José, uma figura do crédito onipotente desfrutado no céu pelo santo esposo de Maria.
            A fim de recompensar os serviços que havia recebido de José, filho de Jacó, o faraó estabeleceu-o como administrador geral de sua casa, senhor de todas as suas posses, desejando que todas as coisas fossem feitas de acordo com suas ordens. Depois de tê-lo estabelecido como vice-rei do Egito, ele lhe deu o selo de sua autoridade real e lhe deu plenos poderes para conceder todos os favores que desejasse. Ele ordenou que fosse chamado de salvador do mundo, para que seus súditos pudessem reconhecer que a ele deviam sua salvação; em suma, ele enviou a José todos os que vinham pedir qualquer favor, para que pudessem obtê-lo de sua autoridade e mostrar-lhe sua gratidão: Ite ad Ioseph, et quidquid dixerit vobis, facite – Gn 41,55. Ide a José, fazei tudo o que ele vos disser e recebei dele tudo o que ele vos der.
            Mas quanto mais maravilhosos e capazes de nos inspirar uma confiança ilimitada são os privilégios do casto esposo de Maria, o pai adotivo do Salvador! Não se trata de um rei da terra como o Faraó, mas é Deus Todo-Poderoso que desejou cumular esse novo José com seus favores. Ele começa estabelecendo-o como mestre e venerável chefe da Sagrada Família; ele quer que tudo lhe obedeça e lhe esteja sujeito, até mesmo seu próprio filho, igual a ele em todas as coisas. Ele o torna seu vice-rei, querendo que ele represente sua adorável pessoa a ponto de lhe dar o privilégio de levar seu nome e de ser chamado de pai de seu unigênito. Ele coloca esse filho em suas mãos, para que saibamos que ele lhe dá poder ilimitado para realizar toda graça. Observe como ele torna conhecido no evangelho, para toda a Terra e em todas as épocas, que São José é o pai do rei dos reis: Erant pater et mater eius mirantes [o pai e a mãe ficavam admirados] – Lc 2,33. Ele deseja que ele seja chamado de Salvador do mundo, pois alimentou e preservou aquele que é a salvação de todos os homens. Por fim, ele nos adverte que, se desejarmos graças e favores, devemos nos dirigir a José: Ite ad Ioseph, pois é ele quem tem todo o poder junto do Rei dos reis para obter tudo o que ele pede.
            A santa Igreja reconhece esse poder soberano de José, pois pede por sua intercessão o que não poderia obter por si mesma: Ut quod possibilitas nostra non obtinet, eius nobis intercessione donetur.
            Certos santos, diz o doutor angélico, receberam de Deus o poder de nos ajudar em certas necessidades particulares; mas o crédito de São José não tem limite; estende-se a todas as necessidades, e todos aqueles que recorrem a ele com confiança têm a certeza de serem prontamente atendidos. Santa Teresa nos declara que nunca pediu nada a Deus por intercessão de São José que não obtivesse rapidamente: e o testemunho dessa santa vale mais do que mil outros, pois se baseia na experiência cotidiana de seus favores. Os outros santos gozam, é verdade, de grande crédito no céu; mas eles intercedem como servos e não mandam como senhores. José, que viu Jesus e Maria submetidos a ele, pode, sem dúvida, obter tudo o que quiser do rei, seu filho, e da rainha, sua esposa. Ele tem crédito ilimitado com um e com a outra, e, como diz Gerson, ele ordena em vez de implorar: Non impetrat, sed imperat. São Bernardino de Sena, diz que Jesus quer continuar no céu a dar a São José a prova de seu respeito filial, obedecendo a todos os seus desejos: Dum pater orat natum, velut imperium reputatur[o que um pai pede a um filho é como se fosse uma ordem].
            De fato, o que Jesus Cristo poderia negar a José, que nunca lhe negou nada em toda a sua vida? Na sua vocação, Moisés não era mais do que o líder e condutor do povo de Israel; e, no entanto, ele se apresentava a Deus com tanta autoridade que, quando orava em nome daquele povo rebelde e incorrigível, sua oração parecia se tornar uma ordem, que de certa forma prendia as mãos da majestade divina e a reduzia a ser quase incapaz de castigar os culpados, até que ele os libertasse: Dimitte me, ut irascatur furor meus contro eos et deleam eos [Deixa que a minha ira se inflame contra eles e eu os extermine]. (Êxodo 32,10).
            Mas quanto maior virtude e poder não terá a oração que José dirige por nós ao soberano juiz, de quem foi guia e pai adotivo? Pois se é verdade, como diz São Bernardo, que Jesus Cristo, que é nosso advogado junto ao Pai, lhe apresenta suas sagradas chagas e o adorável sangue que derramou por nossa salvação, se Maria, por sua vez, apresenta a seu Filho único o seio que o gerou e alimentou, não podemos acrescentar que São José mostra ao Filho e à Mãe as mãos que tanto trabalharam por eles e o suor que derramou para ganhar seu sustento sobre a terra? E se Deus Pai nada pode negar a seu amado Filho quando lhe roga por suas sagradas chagas, nem o Filho nada pode negar a sua santíssima Mãe quando lhe suplica pelas entranhas que o geraram, não somos obrigados a crer que nem o Filho, nem a Mãe, que se tornou a dispensadora das graças que Jesus Cristo mereceu, nada podem negar a São José quando lhes roga por tudo o que fez por eles nos trinta anos de sua vida?
            Imaginemos que nosso santo protetor dirige essa comovente oração a Jesus Cristo, seu Filho adotivo, por nós: “Ó meu divino Filho, dignai-vos derramar vossas mais abundantes graças sobre meus servos fiéis; eu vos peço pelo doce nome de pai com o qual tantas vezes me honrastes, por estes braços que vos acolheram e o aqueceram em vosso nascimento, que vos levaram ao Egito para salvar-vos da ira de Herodes; peço-vos por aqueles olhos cujas lágrimas enxuguei, por aquele sangue precioso que recolhi em vossa circuncisão; pelos trabalhos e fadigas que suportei com tanto contentamento para nutrir vossa infância e nutrir-vos em vossa juventude…” Jesus, tão cheio de caridade, poderia resistir a tal oração? E se está escrito, diz São Bernardo, que ele faz a vontade daqueles que o temem, como pode negar-se a fazer a vontade daquele que o serviu e alimentou com tanta fidelidade, com tanto amor? Si voluntatem timentium se faciet; quomodo voluntatem nutrientis se non faciet? (Um escritor piedoso em seus comentários sobre o Salmo 144,19).
            Mas o que deve redobrar nossa confiança em São José é sua inefável caridade para conosco. Fazendo-se seu filho, Jesus colocou em seu coração um amor mais terno do que o do melhor dos pais.
            Não nos tornamos seus filhos, enquanto Jesus Cristo é nosso irmão e Maria, sua casta esposa, é nossa mãe cheia de misericórdia?
            Voltemo-nos, portanto, para São José com uma confiança viva e plena. Sua oração, unida à de Maria e apresentada a Deus em nome da adorável infância de Jesus Cristo, não pode ser recusada, mas deve obter tudo o que pedir.
            O poder de São José é ilimitado; ele se estende a todas as necessidades da nossa alma e do nosso corpo.
            Depois de três anos de uma doença violenta e contínua, que não a deixava sem descanso e sem esperança de cura, Santa Teresa recorreu a São José; e ele logo lhe obteve a saúde.
            É principalmente em nossa última hora, quando a vida está prestes a nos deixar como um falso amigo, quando o inferno redobrará seus esforços para raptar nossa alma na passagem para a eternidade, é nesse momento decisivo para nossa salvação que São José nos assistirá de maneira muito especial, se formos fiéis em honrá-lo e orar a ele em vida. O divino Salvador, para recompensá-lo por tê-lo salvado da morte, livrando-o da ira de Herodes, deu-lhe o privilégio especial de resgatar das armadilhas do demônio e da morte eterna os moribundos que se colocaram sob sua proteção.
            É por isso que ele é invocado com Maria em todo o mundo católico como o santo padroeiro da boa morte. Oh! Como seríamos felizes se pudéssemos morrer como tantos servos fiéis de Deus, pronunciando os nomes onipotentes de Jesus, Maria e José. O Filho de Deus, diz o Venerável Bernardo de Bustis, tendo as chaves do paraíso, deu uma a Maria e outra a José, para que pudessem introduzir todos os seus fiéis servos no lugar de refrigério, luz e paz.


Capítulo XXII. Propagação do culto e instituição da festa de 19 de março e do Patrocínio de São José.
Qui custos est domini sui glorificabitur. (Quem vela por seu senhor, por ele será honrado – Pr 27,18)

            Assim como a Divina Providência decretou que São José morresse antes que Jesus se manifestasse publicamente como o Salvador da humanidade, também decretou que o culto a esse santo não se espalhasse antes que a fé católica se espalhasse universalmente pelo mundo. De fato, a exaltação desse santo nos primeiros dias do cristianismo parecia perigosa para a fé ainda fraca do povo. Era muito apropriado que a dignidade de Jesus Cristo fosse inculcada no fato de ele ter nascido de uma virgem pelo poder do Espírito Santo; ora, apresentar a memória de São José, o esposo de Maria, teria ofuscado essa crença dogmática em algumas mentes fracas, ainda não esclarecidas sobre os milagres do poder divino. Além disso, era importante, naqueles séculos de batalha, tornar o principal objeto de veneração os heróis sagrados que haviam derramado seu sangue pelo martírio para defender a fé.
            Quando, pois, a fé estava consolidada entre o povo e foram elevados à honra dos altares, muitos santos que haviam edificado a Igreja com o esplendor de suas virtudes sem passar pelos tormentos, logo pareceu mais adequado que um santo do qual o próprio Evangelho fazia tão amplo elogio não fosse deixado em silêncio. Por isso, além da festa de todos os antepassados de Cristo (que foram justos), celebrada no domingo anterior ao Natal, os gregos consagraram o domingo que se estende nessa oitava ao culto de São José, esposo de Maria, do santo profeta Davi e de São Tiago, primo do Senhor.
            No calendário dos Coptas, em 20 de julho, há menção a São José, e alguns acreditam que 4 de julho foi o dia da morte de nosso santo.
            Na Igreja latina, portanto, o culto a São José remonta à antiguidade dos primeiros séculos, como mostram os martirológios muito antigos do mosteiro de São Maximino de Tréveris e de Eusébio. A ordem dos frades mendicantes foi a primeira a celebrar o ofício, como pode ser visto em seus breviários. Seu exemplo foi seguido no século XIV pelos franciscanos e dominicanos por meio do trabalho de Alberto Magno, que foi o professor de Santo Tomás de Aquino.
            No final do século XV, as igrejas de Milão e Toulouse também o introduziram em sua liturgia, até que a Sé Apostólica estendeu seu culto a todo o mundo católico em 1522. Pio V, Urbano VIII e Sisto IV aperfeiçoaram seu ofício.
            A princesa Isabela Clara Eugenia da Espanha, herdeira do espírito de Santa Teresa, que era muito devota de São José, indo para a Bélgica, obteve que fosse instituída uma festa de preceito em 19 de março na cidade de Bruxelas em homenagem a esse santo; seu culto se espalhou para as províncias vizinhas, onde ele foi proclamado e venerado sob o título de preservador da paz e protetor da Boêmia. Essa festa começou na Boêmia no ano de 1655.
            Uma parte do manto com o qual São José envolveu o Santo Menino Jesus é mantida em Roma na Igreja de Santa Cecília em Trastevere, onde também é mantido o cajado que esse santo carregava durante a viagem. A outra parte está guardada na igreja de Santa Anastácia, na mesma cidade.
            De acordo com o que as testemunhas nos transmitiram, esse manto é de cor amarelada. Uma parte dele foi dada como presente pelo Cardeal Ginetti aos Padres Carmelitas Descalços de Antuérpia; é guardada em uma caixa magnífica, sob três chaves, e é exibida para veneração pública todos os anos no Natal.
            Entre os sumos pontífices que contribuíram com sua autoridade para promover o culto a esse santo está Sisto IV, que foi o primeiro a estabelecer a festa no final do século XV. São Pio V formulou o ofício no Breviário Romano. Gregório XV e Urbano VIII se esforçaram com decretos especiais para reavivar o fervor em relação a esse santo que parecia ter diminuído entre alguns povos. Até que o Sumo Pontífice Inocêncio X, atendendo aos pedidos de muitas igrejas da cristandade, e também desejoso de promover a glória do santíssimo esposo de Maria e, assim, tornar seu patrocínio mais eficaz para a religião, estendeu sua solenidade a todo o mundo católico.
            A festa de São José foi, portanto, fixada para o dia 19 de março, que se acredita piedosamente ter sido o dia de sua abençoada morte (contra a opinião de alguns que acreditam que isso tenha ocorrido no dia 4 de julho).
            Como essa festa sempre cai no período da Quaresma, ela não poderia ser celebrada em um domingo, já que todos os domingos da Quaresma são privilegiados: portanto, muitas vezes ela teria passado despercebida se a engenhosa piedade dos fiéis não tivesse encontrado uma maneira de compensá-la de outra forma.
            Desde 1621, a Ordem dos Carmelitas Descalços reconhece solenemente São José como padroeiro e pai universal de todos os carmelitas. José como patrono e pai universal de seu Instituto, consagrando um dos domingos após a Páscoa para celebrar sua solenidade sob o título de Patrocínio de São José. A pedido fervoroso da própria Ordem e de muitas Igrejas da cristandade, a Sagrada Congregação dos Ritos, por decreto de 1680, fixou essa solenidade no terceiro domingo após a Páscoa. Muitas Igrejas do mundo católico logo adotaram espontaneamente essa festa. A Companhia de Jesus, os Redentoristas, os Passionistas e a Sociedade de Maria a celebram com sua própria oitava e ofício sob o rito duplo de primeira classe.
            A Sagrada Congregação dos Ritos finalmente estendeu essa festa a toda a Igreja universal, a fim de encorajar e animar cada vez mais a piedade dos fiéis para com esse grande santo, com um decreto de 10 de setembro de 1847, a pedido do Eminentíssimo Cardeal Patrizi.
            Se alguma vez houve tempos calamitosos para a Igreja de Jesus Cristo, se alguma vez a fé católica dirigiu suas orações ao céu para implorar um protetor, estes são infelizmente os dias atuais. Nossa santa religião, agredida em seus princípios mais sacrossantos, vê numerosos filhos arrancados com cruel indiferença de seu seio materno para se entregarem loucamente aos braços da incredulidade e da impiedade e, tornando-se apóstolos escandalosos da impiedade, desviarem tantos de seus irmãos e, assim, dilacerarem o coração daquela mãe amorosa que os nutriu. Pois bem, enquanto a devoção a São José atrairia bênçãos copiosas sobre as famílias de seus devotos, ela obteria para a desolada esposa de Jesus Cristo o patrocínio mais eficaz de um santo que, assim como foi capaz de preservar a ilesa vida de Jesus pela perseguição de Herodes, saberá como preservar a fé ilesa de seus filhos na perseguição que o inferno lhe move. Como o primeiro José, filho de Jacó, foi capaz de manter a abundância para o povo do Egito durante sete anos de carestia, o verdadeiro José, o mais feliz administrador dos tesouros celestiais, saberá manter no povo cristão aquela fé santíssima para cujo estabelecimento desceu à terra aquele Deus, do qual ele foi preceptor e guardião durante trinta anos.


Sete alegrias e sete dores de São José.

Indulgência concedida por Pio IX aos fiéis que recitarem essa coroa, que pode servir como prática para a novena do santo.

                        Pio IX, o Papa atual, ampliou as concessões de seus predecessores, especialmente as de Gregório XVI. Concedeu aos fiéis de ambos os sexos a indulgência plenária, também aplicável às almas do Purgatório, a todos os que rezarem as preces, chamadas comumente as sete alegrias e sete dores de São José, durante sete domingos consecutivos, em qualquer época do ano. Além disso, são condições para lucrar esta indulgência: confessar-se e comungar, visitar uma igreja ou oratório público e rezar nas intenções do Santo Padre, o Papa.
            Para aqueles que não sabem ler, ou que não podem ir a qualquer Igreja onde essas preces são rezadas publicamente, o mesmo Pontífice concedeu idêntica indulgência plenária, desde que, ao visitarem a referida Igreja, rezem sete Pai Nossos, Ave Marias e Glórias em honra do santo Patriarca e cumpram as demais condições prescritas.


Coroa das Sete Dores e Alegrias de São José

            1. Ó Esposo puríssimo de Maria Santíssima, glorioso São José, assim como foi grande a amargura do vosso coração na perplexidade de abandonardes vossa castíssima Esposa, assim foi inexplicável a vossa alegria, quando pelo Anjo vos foi revelado o soberano mistério da Encarnação.
            Por esta vossa dor e por esta alegria, rogamos a graça de consolardes agora e nas extremas dores, a nossa alma com a alegria de uma boa morte semelhante à vossa entre Jesus e Maria.
            Pai nosso, Ave Maria e Glória.

            2. Ó felicíssimo Patriarca, glorioso São José, que fostes escolhido para o cargo de pai adotivo do Verbo humanado, a dor que sentistes ao ver Jesus Menino nascer em tanta pobreza o Deus Menino, que se transformou em júbilo celeste ao escutardes a angélica melodia, ao verdes a glória daquela brilhantíssima, noite.
            Por esta vossa dor e por esta vossa alegria, suplicamos a graça de nos alcançardes que depois da jornada desta vida, passemos a ouvir os angélicos louvores e a gozar os resplendores da glória celeste.
            Pai nosso, Ave Maria e Glória.

            3. Ó obedientíssimo executor das divinas leis, glorioso São José, o sangue preciosíssimo que na circuncisão o Redentor Menino derramou vos transpassou o coração, mas o nome de Jesus o reanimou, enchendo-o de contentamento.
            Por esta vossa dor e por este vosso gozo, alcançai-nos que, sendo arrancados de nós os vícios nesta vida, com o nome de Jesus no coração e na boca, expiremos cheios de júbilo.
            Pai nosso, Ave Maria e Glória.

            4. Ó fidelíssimo santo, que também tivestes parte nos mistérios de nossa redenção, glorioso São José, se a profecia de Simeão a respeito do que Jesus e Maria tinham de sofrer vos causou mortal angústia, também vos encheu de sumo gozo pela salvação e gloriosa ressurreição que igualmente predisse teria de resultar para inumeráveis almas.
            Por esta vossa dor e por este vosso gozo, obtende-nos que sejamos daqueles que, pelos méritos de Jesus e pela intercessão da Virgem sua Mãe, hão de ressuscitar gloriosamente.
            Pai nosso, Ave Maria e Glória.

            5. Ó vigilantíssimo guardião, íntimo familiar do Filho de Deus encarnado, glorioso São José, quanto penastes para alimentar e servir o Filho do Altíssimo, particularmente na fuga que com ele fizestes para o Egito! Mas, qual não foi também o vosso gozo terdes sempre convosco o próprio Deus e por verdes cair por terra os ídolos do Egito.
            Por esta vossa dor e por este vosso gozo, alcançai-nos que, expelindo longe de nós o tirano do inferno, especialmente com a fuga das ocasiões perigosas, sejam derrubados de nossos corações todos os ídolos de afetos terrenos e que, inteiramente empregados no serviço de Jesus e de Maria, somente para eles vivamos e felizmente morramos.
            Pai nosso, Ave Maria e Glória.

            6. Ó Anjo da terra, glorioso São José, que, cheio de admiração, vistes o Rei do céu submisso às vossas ordens, se a vossa consolação, ao reconduzi-lo do Egito, foi transtornada pelo temor de Arquelau, sossegado pelo Anjo, permanecestes alegre em Nazaré com Jesus e Maria.
            Por esta vossa dor e por este vosso gozo, alcançai-nos que, desocupado o nosso coração de vãos temores, gozemos paz de consciência, vivamos seguros com Jesus e Maria e também entre eles morramos.
            Pai nosso, Ave Maria e Glória.

            7. Ó exemplar de toda santidade, glorioso São José, perdestes sem culpa vossa o Menino Jesus e com aflição o procurastes por três dias, até que com sumo júbilo gozastes de vossa vida, achando-o no templo entre os doutores.
            Por esta vossa dor e por este vosso gozo suplicamos, com o coração nos lábios, que interponhais o vosso valimento para que nunca percamos Jesus por culpa grave; mas se, por desgraça o perdermos, com tão contínua dor o procuremos e o achemos favorável, especialmente em nossa morte, para passarmos a gozá-lo no céu e lá cantarmos convoco eternamente suas divinas misericórdias.
            Pai nosso, Ave Maria e Glória.

Antífona. Jesus estava prestes a completar trinta anos de idade e acreditava-se que era filho de José.
            V. Rogai por nós, São José.
            R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos.

            Ó Deus, que por uma inefável providência vos dignastes escolher o bem-aventurado São José para esposo de vossa Mãe Santíssima, concedei-nos que aquele mesmo que na terra veneramos como protetor, mereçamos ter no céu como nosso intercessor. Vós que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos.
            R. Amém.

Outra oração a São José
            Deus vos salve, ó José, cheio de graça; Jesus e Maria estão convosco; sois bendito entre os homens, e bendito é o fruto do ventre de vossa esposa Maria. São José, pai putativo de Jesus, esposo virgem de Maria, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Assim seja.


Coletado entre os autores mais credenciados, com a novena em preparação à festa do Santo.
Tipografia do Oratório de São Francisco de Sales, Turim, 1867.
P. JOÃO BOSCO

Com permissão eclesiástica.

***

Hoje a Igreja concede indulgência (Enchiridion Indulgentiarum n.19) para orações em honra de São José:
“Uma indulgência parcial é concedida aos fiéis que invocam São José, Esposo da Bem-Aventurada Virgem Maria, com uma oração legitimamente aprovada (por exemplo, A vós, São José).

A vós, São José, recorremos em nossa tribulação e, depois de ter implorado o auxílio ele vossa santíssima esposa, cheios de confiança solicitamos também o vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade que vos uniu à Virgem, Imaculada Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes ao Menino Jesus, ardentemente suplicamos que lanceis um olhar benigno sobre a herança que Jesus Cristo conquistou com seu sangue, e nos socorrais em nossas necessidades com o vosso auxílio e poder. Protegei, ó guarda providente da divina família, o povo eleito de Jesus Cristo. Afastai para longe de nós, ó pai amantíssimo, a peste do erro e do vício. Assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas, e assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus das ciladas de seus inimigos e de toda a adversidade.

Amparai a cada um de nós com o vosso constante patrocínio, a fim de que, a vosso exemplo e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente e obter no céu a eterna bem-aventurança.
Amém.

(Papa Leão XIII, Oração a São José, encíclica Quamquam pluries)